quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #27 — Muitas pessoas SÃO BISSEXUAIS e NÃO SABEM

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: postado previamente em um fórum.


É impressionante a quantidade de "héteros" que acham normal se relacionarem com pessoas do mesmo sexo. Para se ter uma ideia, isso ocorre até mesmo dentro das cadeias. Isso com uma ambientação mental cheia de desculpas para apagar e invisibilizar a bissexualidade.


De uma maneira geral, a pessoa que exerce o papel ativo é diferenciada da pessoa que exerce o papel passivo. O que abre margem para relativização do termo hétero. Isso ocorre com todo o tipo de gente, o tempo todo. O principal problema da bissexualidade é a invisibilização da sua identidade.


O fato da orientação bissexual ser excluída da mídia e do senso comum abre pretexto para uma confusão enorme. Só ler o "Jornal of Bisexuality" para se ter uma noção. Foi lendo que eu descobri mais sobre o mundo e sobre mim.


Creio que eu ser um bissexual assumido abriu margem para toda uma série de experimentações. Estudar teoria queer bissexual me fez compreender que posso ser epistemologicamente bissexual, brincando com os mais diversos conceitos e escolas de pensamento de maneira diversa. Tudo de maneira artística, com diferentes matrizes de pensamento. Preocupando-me com a vida intelectual como um estado de arte.


O interessante da teoria queer bissexual é que ela fala que a bissexualidade é estar entre os mundos. E estar entre os mundos epistemologicamente é usar os mais diversos meios intelectuais para criar artisticamente a vida intelectual. Esse ponto demonstra o quanto a bissexualidade pode impactar até mesmo a visa intelectual. Conceitos como monossexismo e monodissidência são muitos caros para nós.


Se a bissexualidade fosse mais aceita e visível, teríamos uma sociedade melhor. Com pessoas mais experimentais e menos dogmáticas: seja na cama, seja na cabeça.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

NGL 8# — Trumpismo e Bolsonarismo

 


Envie as suas mensagens anônimas: https://ngl.link/lunemcordis


Não, de maneira alguma. Nem o blogspot e nem eu. Tanto que eu fui um dos únicos a comentar as obras de três conservadores anti-Trump: 


- Christopher Buckley;

- Rick Wilson;

- Stuart Stevens.


Recomendo o The Lincoln Project no YouTube:

https://youtube.com/@thelincolnproject?si=4_nWKQecO591zAxT


Recomendo também que leia os seguintes livros:

- "Make Russia Great Again" do Christopher Buckley;

- "It Was All a Lie" do Stuart Stevens;

- "The Conspiracy to End America" do Stuart Stevens;

- "Everything Trump Touches Dies" do Rick Wilson;

- "Running Against the Devil" do Rick Wilson.


O que eu sinto pelo trumpismo e bolsonarismo poderia ser descrito como um misto de nojo, de horror e de desgosto. Eu tenho uma absoluta rejeição ao bolsonarismo e ao trumpismo. São dois movimentos extremamente incultos, iletrados, incapazes de gerar algo de bom, útil ou proveitoso aos interesses dos seus respectivos países. São movimentos nauseabundos, isto é, que causam náuseas.


O trumpismo e bolsonarismo não são só nocivos aos Estados Unidos da América e ao Brasil, são nocivos — e extremamente corrosivos — para a própria direita e para o conservadorismo. Além disso, possuem um legado que afastará gerações inteiras da tradição intelectual conservadora.

Memória Cadavérica #26 — Inadequação ao Debate Público Brasileiro



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: resposta a um amigo no Discord.


Creio que um grande problema que tenho com o ambiente brasileiro é a minha inadequação. Eu nunca me adapto ao ambiente e tampouco acho interessante o que produzem por aqui. Anteriormente eu tinha um interesse, mesmo que vago, na mídia e no desenrolar das condições políticas e econômicas que se construíam.

Com o passar do tempo, percebi que grande parte do que via era uma reprodução de qualidade duvidosa. Após aprender a ler em inglês, espanhol e francês, vi grande parte de um debate que anteriormente não tinha conhecimento. Percebi que estávamos atrasadíssimos e que grande parte das novidades não adquiria a substância que deveria.

Exemplos:

- A tradição Red Tory (Conservadorismo Vermelho) nunca chegou oficialmente ao Brasil;

- O neohamiltonianismo, o conservadorismo nacionalista, sobretudo a sua produção na American Compass, nunca adentrou no debate nacional;

- O socialismo de mercado, na China, no Vietnã e em Laos, é pouco estudado e o debate é tratado aos barros por trotskistas e stalinistas que lutam para o retorno de um "marxismo puro" ou seja lá o que isso for;

- Até hoje, poucos são os que pesquisaram o termo "woke right" (direita woke) e descobriram que a direita também é woke e que o wokeísmo é uma estrutura comportacional;

- Muitos poucos estudaram Kevin Carson, um defensor moderno do mutualismo e da linha de Proudhon, defensor do anticapitalismo de livre-mercado;

- A regulamentação da internet se reduz a pura e simplesmente a regulamentação das redes sociais, nunca adentrando em sites que não são redes sociais e nunca adentrando em assuntos essenciais como guerras cognitivas, guerras informacionais, operações psicológicas, intervenções eleitorais provindas de países estrangeiros;

- Debates como ecologia, antiwork (anti-trabalho) e pirataria não tomaram a proporção que deveriam;

- Ausência de compreendedores de múltiplas escolas de pensamento, não em nível de só compreender escolas de esquerda, centro ou direita, mas de compreender múltiplos lados de vários espectros políticos.

Com um debate nacional desses, o Brasil não precisa de inimigos. Será sempre o mesmo gerador de esterilidade contínua. Sem inovações reais devido a necessidade crônica de agradar os bandos ideológicos.

Memória Cadavérica #25 — Fiscal de Masculinidade

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: texto originalmente postado em um fórum.


Hoje em dia, um fenômeno cresce na internet: o(a) fiscal de masculinidade.


Frases como:

- Homem de verdade;

- Homem com "H" maiúsculo;

- Homem tradicional;

- Virilidade.


Tudo isso cresce como mato em floresta. Dali por diante, vários cursos vão sendo construídos. Nasce até mesmo a indústria da redpill, que avidamente procura o red money (pessoas que pagam por conteúdo redpill).


Todo mundo quer homens músculos e fortes (ui), reforçando papéis de gênero que muitas vezes não são construídos na base biológica, mas através de construção social. Há toda uma confusão epistemológica entre quais aspectos são biológicos e quais aspectos são sociológicos.


Eu mesmo não posso me enquadrar como "homem tradicional". Nesse Halloween, por exemplo, escrevi um ensaio em inglês chamado "Homo est spectaculum hominis" e fiz drag para celebrar o Halloween "Goth Drag Queen". Em outras palavras, ritualisticamente quebrei o círculo da masculinidade.


O problema da indústria da masculinidade tradicional é que existem pessoas que nunca se enquadrarão nela e muitas pessoas são condenadas a um sistema em que todo mundo deve comprovar a masculinidade o tempo todo, a todo momento. Como bissexual, isso é particularmente problemático.


O que usar saia ou maquiagem tem a ver com a biologia masculina? O que usar rosa tem a ver com a biologia masculina? Absolutamente nada.


Encaixar-se ou não no modelo de masculinidade hegemônico não deveria ser motivo de vergonha, martírio ou medo. Muito pelo contrário, as pessoas deveriam ser livres. E a sociedade não deveria entrar naquilo que Freud veria como repressão desnecessária.

Memória Cadavérica #24 — ConVERsadorismo Brasileiro


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: resposta a um usuário do Threads.


Conservadorismo ≠ tradicionalismo moral


Exemplo são: Rick Wilson, Stuart Stevens, Christopher Buckley, Nelson Rodrigues, Pondé, conservatários.


Pare de pegar esse reacionarismo pop e achar que tem conservadores, VOCÊ NÃO TEM. Não existe conservadorismo no Brasil, ninguém estuda múltiplas escolas conservadoras por aqui. O que há aqui é, no máximo, um conVERsadorismo de reacionários estultos e sem compreensão do que falam. A maior prova disso é: quase 100% da direita nacional atual é uma DIREITA WOKE.


Ninguém sabe SEQUER a diferença entre:

- um hamiltoniano;

- um Red Tory;

- um federalista;

- um neohamiltoniano (leia American Compass);

- um neoconservador;

- um conservatário.


Leia:

https://www.perplexity.ai/search/2a512747-8387-4cf2-89ff-20f6c03c2e60

(Política da empresa Meta para promover reacionarismo pop)


No máximo, o que há no Brasil é:


- Uma direita woke (pesquise woke right no google, termo que foi inventado pelos próprios conservadores para definir gente mau caráter que se arroga do nome "conservador" pra promover wokismo de direita);

- Um reacionarismo pop;

- Um tradicionalismo hipócrita, burro e capanga.


Ninguém aqui sabe o que é conservadorismo. Ninguém aqui leu múltiplas escolas de pensamento conservador. Ninguém aqui sabe COISA ALGUMA de conservadorismo. Ninguém sabe quem é Christopher Lasch e quem é Patrick Deneen, tampouco chegou a conhecer o conservadorismo anticapitalista que eles representam. Ninguém leu as críticas conservadoras ao Donald Trump de Rick Wilson e Stuart Stevens.

NGL 7# — Carta à Nova Leitora!

 


Enviem suas perguntas anônimas (ou pedidos de novos textos) por aqui: https://ngl.link/lunemcordis


Em primeiro lugar, seja bem-vinda. O Blogspot conta com um acervo bastante amplo de análises, o que pode ser deveras útil se você procura descobrir novos autores. Se você for algumas postagens para trás, encontrará várias postagens com "Acabo de ler".


Em segundo lugar, recomendo que comece a leitura do blogspot por aqui: https://cadaverminimal.blogspot.com/2021/10/agnosticismo-metodologico-ou-da.html?m=1

(Esse texto é essencial para começar a entender o projeto do blogspot).


Caso tenha interesse, o Medium também apresenta projetos próprios, como weblivros:

https://medium.com/@cadaverminimal/lists


Muitas vezes o blogspot funciona através de projetos. Um exemplo disso é a Philosophia Iuris (Filosofia Jurídica ou Jusfilosofia):

https://cadaverminimal.blogspot.com/search/label/Philosophia%20Iuris?m=0


O último grande projeto foi um ensaio de horror epistemológico e uma foto de drag queen para comemorar o Halloween 🎃. Você pode ler o ensaio (em inglês) aqui e ver a foto aqui:

https://cadaverminimal.blogspot.com/2025/10/homo-est-spectaculum-hominis.html?m=1

https://www.instagram.com/p/DQU2Ccbj1hQ/


Atualmente estou meio parado enquanto escritor. Mas o blogspot consta com +800 textos.


Seja bem-vinda e espero que aprecie o conteúdo!

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Desmistificando a Cultura Channer

 



— A cultura channer é de direita!


Não, não é. Existem chans de esquerda. Um exemplo disso é o leftypol (esquerda politicamente incorreta), cuja dona é uma mulher trans de esquerda. Outro fato: o 4chan não proibe discursos de esquerda. Ele é um local com várias pessoas de esquerda. Tanto que foi hackeado por membros da Soyjak Party por ser progressista demais.


— A cultura channer é misógina!


Falsa correlação. Existem chans criados por mulheres. Um exemplo disso, já nacional, é o magalichan. Esse chan é um chan de mulheres onde homens são proibidos.


— A cultura channer é LGBTfóbica!


Falsa correlação. O próprio 4chan tem uma board /LGBT/ onde vários usuários estudam teoria queer e feminismo.


— A cultura channer é radical!


Mais ou menos. A cultura channer é um espectro. Existem membros mais radicais, membros menos radicais. Claro, é evidente que já ocorreram crimes provindos de chans. Porém isso não é um fato absoluto. Hoje em dia, cometer crimes — tenha em mente a constituição dos Estados Unidos — no 4chan (o maior chan do mundo) é proibido.


— A cultura channer é limitada!


A resposta é não. A cultura channer apresenta uma diversidade de gêneros textuais, uma quantidade enorme de criadores de conteúdo, um universo inteiro. Tenha em mente que channers contam com um aplicativo/site de namoro chamado Duolicious. E um ponto importante: uma grande parte da userbase do Duolicious é trans e bissexual/pansexual.


Além disso, a cultura channer criou histórias épicas como a SCP Foundation, memes e tantas outras coisas. Fora isso, conta com uma filosofia esotérica triádica:


Kekismo Esotérico;

Magolosofia;

Kantianismo esotérico.


Esse sistema de pensamento é um sistema gnóstico operacional de originalidade e complexidade ímpar. Sem estudá-lo, você perde 99% da compreensão channealógica. Jogue esses arquivos numa IA para compreender:


https://drive.google.com/drive/folders/1XrJj772czH4OPLsUZjLDwZlh6vszzcOo



— A cultura channer contém fóruns perigosos!


Sim, toda comunidade apresenta conteúdos perigosos, mas não pode ser resumida a isso. Além disso, a cultura channer não se resume a fóruns:


Fórum: imageboard ou outros tipos de fóruns (vide o fórum da Encyclopedia Dramatica);

Grupos do Facebook, Discord, Telegram, Teleguard, (entre no /soc/ do 4chan), etc;

Perfis individuais de channers;

Canais do YouTube: Pezle, Midnight Broadcast e It's Rucka (Rucka Ali) são exemplos notórios;

Cartunistas (Stonetoss é o mais famoso);

Servidores piratas de jogos;

Bibliotecas;

Comunidades no Reddit como r/greentext, r/4chan e o r/4tran;

Wikichans como Encyclopedia Dramatica e Wikinet;

Centros educacionais como o /lit/, o /mu/ e tantos outros;

Centros operacionais como /qresearch/.


Ser channer é mais um espectro identitário do que ser membro de um fórum, visto que existem vários locais de atividades channealógicas. Logo é um ecossistema. Se você não vê esse ecossistema, você não vê a cultura channer em si.


— A cultura channer é burra


Não, não é. Vejas as wikis educacionais do 4chan:


https://lit.trainroll.xyz/wiki/Recommended_Reading/Non-fiction


https://4chanmusic.miraheze.org/wiki/Sticky


https://4chanint.miraheze.org/wiki/The_Official_/int/_How_to_Learn_A_Foreign_Language_Guide_Wiki


— É muito fácil ser um channer


Errou feio. Para ser um channer real você precisa estudar a cultura channer, aprender os estados channealógicos (channealogia, antichannealogia/mesochannalogia, esochannealogia), dominar as oito máscaras, dominar a esochannealogia (kekismo esotérico, magolosofia e kantianismo esotérico), os gêneros textuais, navegar pelos diversos espectros channealógicos, dominar os gêneros literários channealógicos (greentext, copypasta, creepypasta, GT, SCP, wiki, satirical wiki, etc), aprender a arte da ironia channer, aprender a usar várias escolas de pensamento, etc.


Você não aprende isso facilmente.